CASAMENTO RITO SECULAR
Um dos ritos que conseguiu, de
alguma forma, se manter durante a modernidade é o rito do casamento. Em todas
as religiões ou tradições o casamento ainda é um rito de passagem que se mantém
forte devido à necessidade natural das pessoas em se unirem e construírem suas
famílias. Nos cultos afro-brasileiros, como a umbanda e o candomblé, o
casamento também é comemorado com muita alegria e simplicidade, apesar de seus
preceitos e nuances festivos. O hibridismo, mistura de crenças no interior das
tradições afro-brasileiras faz com que cada casa de culto celebre a união de
diferentes formas, ora mesclando a parcela cristã, ora mesclando as
contribuições espiritualistas, orientais, africanas etc. Na África meridional
entre alguns povos banto, o alembamento é o casamento entre jovens. Além disso,
em algumas aldeias o kualama, casa das tintas, prepara e inicia a mulher para a
vida e para responsabilidade do casamento. Tanto a tradição kimbundo quanto a
tradição bakongo celebram o alembamento nos dias atuais.
Há alguns anos atrás aconteceu um
casamento maravilhoso, a união entre dois jovens: Clayton Rogério de Oxossi,
membro de uma casa de tradição de Ketu - Ilê Ase Iya Mi Agba dirigido pela
Yalorixa Ya Suru, e Crissten Chris do nkissi Dandakunda que no Brasil faz parte
do culto ao nkissi da nação Angola do Inzo Tumbansi ngana zambe Mutakalambo -
dirigido pelo Tata ty Nkissi Mutadiamy. Lembremos que a língua titular da nação
Ketu é o yoruba e, por conseguinte da nação Angola é o kimbundo e o kikongo,
assim o casamento na língua yorubá está ligado ao Ifojúsóde - a escolha da noiva, já no Angola o alembamento. O rito de
casamento no candomblé de Angola está por sua vez, ligado à divindade banto -
Lemba, nkissi da união e da paz.
O mais interessante é que no
Brasil, o hibridismo facilitou consórcios maravilhosos, por isso o casamento de
duas pessoas de diferentes tradições, realmente, demonstra quanto o candomblé
no Brasil tem uma contribuição impar para as futuras gerações afro-brasileiras
no tocante a tolerância e reapropriação continua dos seus ritos que se
demonstram extremamente flexíveis quanto a sua diversidade e estáveis diante
dos acontecimentos ainda existentes em seio sagrado da nossa mãe África.
Obrigado ajudou D+ na minha pesquisa
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