A Influência Bantu na Umbanda
0
Por:Professor Maurício Santos
Mutadiami
Introdução
Origens Bantu.
Antes de
abordarmos o tema referido sobre a influência Bantu nos cultos umbandistas,
necessitamos informá-los quanto à origem e denominação do termo banto assim
como a etimologia, praticas e condutas dos povos dessa denominação. Os Bantos são povos que podem ser classificados pela
utilização do radical “ntu”, que significa “povo” ou que abrange
o campo semântico retratando indivíduos. Porém, os Bantus representam
uma unidade ou comunidade lingüística, e não geográfica ou política. A
diversidade cultural aglutinada pela semelhança entre as línguas conserva-se
separada quanto às diversas diferenças religiosas no seio de cada tribo ou clã
familiar, pois semelhança não é igualdade. No entanto, o culto
ancestral Bantu no Brasil é um prolongamento
reapropriado das diversas culturas existentes na África Bantu (
candomblé brasileiro), incorpora hoje países
como Angola, Congo, Moçambique, Zâmbia e até mesmo a África do Sul etc. Quanto
à liturgia, ou seja, a prática religiosa, esta em solo brasileiro mesclou-se
com outras “nações” como os nagôs e os gegês por exêmplo. Além disso,
fundiu-se, também, com os cultos ameríndios “pajelância”, e cristãos como o
catolicismo difundido pelos padres jesuítas portugueses. Porém,
contudo essa espécie de sincretismo se efetua direta e intensamente na Umbanda.
A Influência
Bantu na Cultura Brasileira. Esses
negros Bantu atravessaram o oceano Atlântico
dentro dos návios negreiros e participaram
ativamente dos primeiros anos de escravidão no Brasil colonial, sofreram
diversos e inoportunos abusos, mesmo assim contribuíram na construção da
cultura nacional do povo brasileiro, quem não se lembra das lendas do
saci-pererê, das festas folclóricas como o jongo, das congadas e dos
moçambiques. Além do samba de terreiro ou agremiativo, da capoeira e dos
hábitos culinários como o feijão cozido com quiabo ou abóbora entre outros
pratos típicos da cozinha baiana ou mineira. As marcas destes africanos estão
tão integradas a nossa cultura que hoje se torna difícil perceber, exemplo
disto são as palavras de origem bantu como: moleque, bunda, cabaça, cachaça,
ranzinza etc. É sabido que toda participação africana corresponde
aproximadamente a setenta porcento da mão de obra trabalhadora em nosso país,
acompanhando os vários ciclos de desenvolvimento: ciclo da cana-de-açúcar na
Bahia em Pernambuco, ciclo do ouro em Minas Gerais e Mato Grosso, ciclo do algodão nos
estados sulinos etc. Outro traço cultural peculiar do povo Banto em nosso país
destaca-se pelos instrumentos musicais: tambó, candongueiro, quinjeque, engone,
ingoma, zambê que são menbranofones de percussão. Cuía, puíta e cuíca que são
menbranofones de friquição. Cordofones como o berimbau etc. Afinal, não podemos
esquecer de lendas e mitos como o Quibungo, com sua boca enorme nas
costas; o Chibamba, no seu traje de folha de bananeira; o Tutu Zambê;
o Tutu Moringa entre outros. Num passado distante os Bantu se originaram
dos grandes lagos africanos, e não se misturaram com povos mouros ou berberes
islamizados, como alguns pesquisadores indicam. Nesta época, os Bantu eram
regidos por “kakabas” soberanos que tinham a função de comandar e cuidar das
tribos e de sua população. Naquela época os tambores eram fabricados de
diversas formas, alguns gigantescos, outros menores que ficavam alojados em
locais estratégicos e sagrados, além disso, faziam a comunicação entre as
tribos. Os homens encarregados de guardar estes tambores eram iniciados para
esta função e formavam uma casta privilegiada. As crianças passavam por ritos
de iniciação como a circuncisão na infância, os ritos do final da adolescência
para a fase adulta, e principalmente os ritos de ordenação que os transformavam
em guerreiros, sacerdotes, monarcas etc.
A Influência Bantu na Humbanda. A influência dos hábitos culturais da Àfrica
Meridional existente em nossa nação se efetua na Umbanda através dos pontos
riscados “Zirimba” marcas de fixação imagética e energética, a formação linear
de dividir as hierarquias entre médiuns de passe, cambonos e chefes de
terreiros remontam os cultos no antigo reino do Congo. Assim a presença
determinante da cultura conga e angolana na Umbanda se dá em aspectos
importantes da vida étnica do brasileiro como a grande quantidades de
descendentes de negros e posteriormente de ameríndios. Outra marca se efetiva
na presença da performance ritual, na música, nas danças, no transe, na
pictografia, no simbolismo das cores, e em alguns elementos ritualísticos como
pedras, plantas, e pincipalmente nas pembas ( vide lenda da Pemba ). Além do
culto à natureza o dogma de culto aos mortos como parte integrante da natureza
e a naturalidade da morte concorre com a prática de manipulação das forças da
natureza através dos encantamentos, futus, ntumbos, nkissis, bilongos e outros
feitiços ancestrais. Pouco é falado sobre o enorme impacto da vertente
congo-angolense na cultura popular do ocidente, sej no aspecto religioso
(macumba, pallo, vodun), musical como o samba, rumba, mambo, tango, rock-n’roll,
carnaval ou estético no ponto de vista do Cubismo cultural.